Segunda-feira, 31 de Maio de 2004

Despedida

height=321 alt=adeus3.jpg src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/adeus3.jpg" width=340 border=0>

Um dia a ti escrevi as mais puras rimas
dei-te meus cheiros, meus sons e cores
estampei a folha vazia com a melodia
que corria por minhas entranhas e veias

Dei-te tanto...
todos os meus gestos, meus segredos
e sentidos. Dei-te toda a força
da amizade que de mim jorrava

Foste imaginário amigo,a minha verdade,
minha ancora, minhas pernas e braços
mas partiste sem uma palavra,
como só partem os covardes...

Não quero mais sentir este nó
que sufoca meus olhos,
cega meu grito,
cala minha pele.

Não há mais lugar para perdas
nada mais contabilizo,
Compreendi que meros momentos fugidios
     não levam a lugar algum.

Pois vai...
perde-te nos emaranhados
                   (da tua própria dor)
quem sabe um dia percebas
que estive ao teu alcance e
                           deixaste-me escapar....

Andréa Motta
30/05/04

 









publicado por Andrea Motta às 03:39
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Domingo, 30 de Maio de 2004

Chama

height=360 alt=flyaway1.JPG src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/flyaway1.JPG" width=279 border=0>

Fecho os olhos
aguço meus sentidos
olfato, tato...

Sinto-o solto
valsando
como o voar de uma gaivota
sobre a praia.

Amarro-me em suas asas
guiando-me pelos seus sonhos.
Enternecida, minha essência
envolve-se em seu pulsar suave
sobre a minha pele.

Confundem-se transpirações
os corpos enroscados...
os dedos desembaraçados...
desejos...

Eternizo o silêncio do momento.

Descerro os olhos
as imagens ficam baças
privo-me dos devaneios do pensamento...
ao despertar.

Andréa Motta


























publicado por Andrea Motta às 03:17
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Sábado, 29 de Maio de 2004

Anonimato

Curitiba1.JPG


 


Caminhos cruzados entre flores e paralelepípedos, os olhos percorrem a fachada dos antigos casarões, símbolos de uma era de riqueza cultural.


 Ana Maria relembra o chá das cinco na Schaeffer, onde se encontrava a melhor coalhada da cidade, o burburinho no salão, a mistura de notícias, políticas e/ou sociais, as anedotas sobre a canseira do fórum, poesia e tanto mais...


 Com ar nostálgico, entra numa antiga livraria e dirige-se à estante de livros jurídicos; não os encontra no mesmo lugar, fica olhando o vazio. Não que as prateleiras estivessem desocupadas:  nelas, apenas se encontra material escolar. Então indaga à vendedora a nova localização daquelas preciosidades...


 


- Com ar perplexo, como se Ana Maria houvesse saído de um mundo desconhecido a ela, a vendedora responde-lhe ligeiramente – “Não comercializamos este tipo de obra !”


 


Ana permanece estática por alguns instantes, surpresa com a notícia, sente os olhos marearem e volta à rua. Caminha lentamente naquela mesma calçada que tantas vezes subiu e desceu em passeatas, em direção ao trabalho, à faculdade ou,  simplesmente, pelo prazer de caminhar, de respirar.


 Hoje, no entanto, sente-se como uma barata tonta (sabe-se lá se baratas ficam tontas! – mesmo assim parece uma), seus olhos percorrem rapidamente a arquitetura, a calçada, os canteiros...e os rostos...Ah os rostos!


 Continua ali por um tempo , anônima, como sempre quis  estar. É a primeira vez que consegue... quantas vezes assim se imaginou: um rosto qualquer entre tantos outros.


 Mas hoje, estando exatamente como queria - sendo ninguém meio à  multidão -  chorou.


 Sim chorou, porque percebeu que durante os últimos 15 anos viveu em um mundo fantasioso, mesmo que aparentemente fosse tão real.


 


Percebeu que está tão perdida e só hoje como esteve, exatamente no mesmo lugar, uma década e meia antes. Diante de seus olhos, desfilam todos aqueles anos de trabalho árduo, sucessos , realizações e reconhecimento profissional, decepções...


Sim, foram tantas as decepções, que Ana Maria pode ouvir perfeitamente  o estalido ígneo do silêncio queimando o seu peito. Esteve cega, não obstante, felizmente, não tenha  deixado corromper-se pelo brilho do ouro.


 Só o sempre procurado anonimato seria capaz de arrancá-la do transe de ser alguém por seus próprios méritos.. Sim, era isto que obstinadamente buscara durante anos a fio, e para quê?


 


 - “Onde esta busca me levou?” Indaga-se agora que encontrou o anonimato.


 


Reflete: “O que pretendo fazer da vida sendo eu apenas eu e mais nada? De que me serve agora o conhecimento acumulado ao longo destes anos todos se os fechei no baú da minh’alma e, conscientemente, recuso-me a encontrar a chave para reabri-lo... ?”


 


Em resposta, diz a si mesma: “Nunca imaginei,  inconseqüente, que ser apenas um rosto em meio à multidão fosse tão dolorido e me levasse a tantos questionamentos sem respostas.


 Nunca vou crescer (não quero mesmo crescer), mas preciso encontrar um caminho, preciso me sentir viva! Ser anônima não pode ser sinônimo de morte. Continuo sem respostas.”


 


Ana Maria passa as mãos por sua face, enxuga as lágrimas, respira fundo e continua caminhando entre os antigos casarões, buscando no estilo arquitetônico as beiras e eiras, nas varandas a jardineira e na calçada os candeeiros...sorri, observando o corre-corre das pessoas absorvidas pela escassez de tempo, ensimesmadas.


 Com o entardecer, sente a brisa tocando-lhe suavemente a pele, pode ouvir em seu murmúrio palavras com as quais há algum tempo tingiu folhas e folhas de papel, repetindo-as baixinho :


 


“Como ousa tentar me silenciar, quando em mim as palavras fluem até mesmo sem que eu as perceba? Como ousa tolher a minha voz arrancar dos meus dedos cada palavra parida? Ate-me (se te fizer feliz). Jogue-me numa cela escura e suja. Nem assim me calará!.


Não me condene. Não me amordace. Deixe-me exteriozar meu sentir. Minhas palavras (reflexos de mim mesma) serão sempre livres”.


 


Percebe finalmente,  que é seu próprio algoz!


Agora, livre de seus fantasmas, volta a viver.


 


Andréa Motta

publicado por Andrea Motta às 02:12
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Sexta-feira, 28 de Maio de 2004

arvore

20030729-arvore_viva.jpg
publicado por Andrea Motta às 13:16
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Duas visões...

dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px">

Último Ato

publicado por Andrea Motta às 01:06
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Quinta-feira, 27 de Maio de 2004

Sentidos

height=237 alt=garrafa.jpg src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/garrafa.jpg" width=350 border=0>

O que escrevo não passa
     de um amontoado de  l
                                         e
                                         t
                                         r
                                         a
                                         s
                                            sobrepostas
refletem um estado de alma, 
                          - sem calma-
São pinturas em telas imaginárias
desabafos grafados em tinta visível
e sentimentos invisíveis.

Um total desassossego
 p
   e
     r
      c
       o
         r
          r
           e
minhas alamedas despovoadas,
   São cantigas desafinadas, 
       perdidas, no  vão da memória.
Fronteiras no tempo, rituais,
                     m
                     e
                     d
                     o,
influências, gritos opacos.


Adrenalina engarrafada
         no silêncio ocular engolido a seco,
no dia anterior ao caos.
São dores
              e dores ao reverso,
                                    talvez sejam
                                      energias libertárias e nada mais!

Andréa Motta
23-24/05/05







































publicado por Andrea Motta às 02:17
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Quarta-feira, 26 de Maio de 2004

Ascensão

height=230 alt=solidao1.jpg src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/solidao1.jpg" width=350 border=0>

Por caminhos desiguais
ando tão só
sigo em passos acelerados
quero a tua alma chegar
E nela deixar meu corpo incendiar
sem medo de te acompanhar

colher nas tardes sem tempestades
ventos de pele
a noite carícias indecentes
e ao amanhecer
me perder no vai e vem
das vagas da tua paixão.

Quero desligar o interruptor
das palavras e do tempo
e me deixar levar...

Andréa Motta
24/05/05















publicado por Andrea Motta às 03:11
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Terça-feira, 25 de Maio de 2004

Inominado

height=304 alt=hand.JPG src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/hand.JPG" width=380 border=0>

Tinjo as letras de negro,
escapou por entre meus dedos
a cumplicidade ardente do azul

Se eu jogo sozinha
se perco ou se ganho
não faz diferença
no caminho que segues

Eu já estava só quando
devoraste minhas letras
emboscaste meus sentidos
queimaste meu ar

Portanto agora seja o que for
não perco mais o rumo
apenas sumo e mergulho
    na curvatura do y

Já não ando desprevenida
deixei a distração descansar
hoje, eu alcanço a margem direita
mesmo sem saber nadar.

Hoje, me recuso a calar
que a tua ausência
corroi as lâminas
do aparelho de barbear

Hoje...
nada há para abraçar
fecho meus braços e botões
já não me quero nua
sob o teu cobertor.


Andréa Motta
24/05/05

color=#ffffff>Nota: Aceito sugestões para título, obrigada.












publicado por Andrea Motta às 00:49
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Domingo, 23 de Maio de 2004

Prazer do Texto

height=350 alt=intellectdigital1.JPG src="http://jardimdepoesia.blogs.sapo.pt/arquivo/intellectdigital1.JPG" width=263 border=0>

Algures,
No prazer do texto...

Sentidos interiores expostos
na busca incessante do conhecimento
no desvendar do saber.

Olhos ávidos interessados
na tradução de outros egos,
não menos afoitos.

Desabafos quase imperceptíveis
nas entrelinhas escritas conscientemente,
em jogos de sedução.

Letras existenciais ou poéticas,
técnicas ou intelectuais,
no respirar das emoções.

Allures...
No prazer do texto.

Um aquietar de alma,
o simples sentir das palavras
além de pensamentos desalinhados.
Orgasmo incontido de subjetivas verdades
escamoteadas entre simbolos rabiscados
na busca do equilíbrio dos sentimentos.

Andréa Motta

  • class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: justify">Nota:  Dedico este texto à D.Coelho do Blog Neu(t)ras e, o faço pela genialidade e pela emoção que se respira em cada palavra por ela escrita. Não deixem de visitá-la. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />



























publicado por Andrea Motta às 00:45
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Sábado, 22 de Maio de 2004

Tua Canção

sad-cancao.jpg



Nos olhos um intenso desalento,


nas mãos gestos vagos,


na alma a melodia amena de um piano...


Minha canção me conduz a versos


de rimas tristes e incertas...


 Musica : Lara S.


Poema  : Andréa Motta


 Nota: Não tenho palavras para agradecer a lindíssima melodia que você fez aos meus versos.  Você não existe, moça, é realmente linda demais! As lágrimas que suavemente  deslizaram pelo meu rosto ao ouvir a Nossa Canção...  foram as mais doces possíveis. Obrigada querida. Que teus caminhos se abram rapidamente. Beijos


publicado por Andrea Motta às 00:41
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