Na infinita essência d'esta corte,
de dúbia realeza
d'onde um rei com muitos vassalos
partem e repartem o pão
na presença dum garoto
sem teto
sem nome,
pele e osso
Estômago colado a garganta.
Condenado a morte precoce,
sem crimes ter praticado,
o maltrapilho
pés descalços
revira o lixo
apanha as migalhas.
Enquanto os senhores de pompas
e inverdades,
cobertos d'oiro e vaidades
falseam em favor
da fome zero.
Divertem-se em festas
de controversas histórias
articulam
conquistam
mil medalhões de ficta prata.
Alheia aos jornais que anunciam,
dia após dia,
sinopse da partição do milhão.
A corte vai passando,
sem embaraços
satisfazendo sonhos de consumo
lambuzando
os dedos
os beiços
com manjares dos Deuses.
O garoto de mãos atadas
nem sabe o que lhe contem
além de ao mundo pertencer
Desarmado
alia-se a vida
dela não faz ficção
a passos seguros,
sem aplausos,
vai passando
superando....
... a ausência do pão.
Andréa Motta
13/08/03
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