Domingo, 4 de Abril de 2004

Fome Zero

favela1_1.JPG

Na infinita essência d'esta corte,
            de dúbia realeza
d'onde um rei com muitos vassalos
                      partem e repartem o pão
na presença dum garoto
                           sem teto
                            sem nome,
                               pele e osso
Estômago colado a garganta.

Condenado a morte precoce,
              sem crimes ter praticado,
o maltrapilho
   pés descalços
revira o lixo
              apanha as migalhas.

Enquanto os senhores de pompas
e inverdades,
                 cobertos d'oiro e vaidades
falseam em favor
                 da fome zero.
Divertem-se em festas
                 de controversas histórias
articulam
conquistam
                mil medalhões de ficta prata.

Alheia aos jornais que anunciam,
                              dia após dia,
sinopse da partição do milhão.
A corte vai passando,
                          sem embaraços
satisfazendo sonhos de consumo
lambuzando
              os dedos
                  os beiços
                    com manjares dos Deuses.

O garoto de mãos atadas
              nem sabe o que lhe contem
                          além de ao mundo pertencer
Desarmado
              alia-se a vida
              dela não faz ficção
a passos seguros,
              sem aplausos,
vai passando
              superando....
              ... a ausência do pão.

Andréa Motta
13/08/03





































publicado por Andrea Motta às 21:34
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7 comentários:
De Andréa Motta a 5 de Abril de 2004 às 01:07
Romasi: Haverá tempo...haverão outros gritos e outros silêncios..Eu, espero que se faça o tempo à solidariedade. Um abraço. Andréa
De Lu Cavichioli a 5 de Abril de 2004 às 00:55
Oi querida!
Que beleza este poema, retrata toda miséria que há por aí... infelizmente.
Beijo

Estava com saudade!!

Lu
De ROMASI a 5 de Abril de 2004 às 00:49
Estamos no tempo, em que tempo passa, sem dar tempo ao tempo do amor. Estaremos, a tempo, se tempo houver, de parar no tempo e escutar a dor.
E se todos virassem tempo e escutassem como tu o grito, a revolta ou o silêncio dos que nada dizem, e precisam para viver no tempo.
Será que ainda haverá tempo para ser solidário.
ROMASI
Obrigado pela visita voltarei com tempo!
De Andréa Motta a 5 de Abril de 2004 às 00:26
Graça, Luis, Abstracto: Infelizmente esta é a realidade brasileira.. um triste quadro...que doi..sim dói e muito, me proporciona um sentimento horrível de impotência. Beijo a vocês. Andréa.
De graça a 5 de Abril de 2004 às 00:04
é verdade estas coisas não deixam ninguem indiferente,apenas me revolta que quando são as eleições é que eles se lembram de fazer alguma coisa,é triste mas é a realidade,graça
De Luis a 4 de Abril de 2004 às 22:46
verdade, nua e crua...chega a doer!!!um retrato realista, verdadeiro deste nosso mundo!parabens por o conseguires fazer por escrito!!!abraço
De abstracto a 4 de Abril de 2004 às 22:05
os teus poemas são retratos muito concretos. bonito o poema mas revoltante q.b. como deve ser para espicaçar o acomodar das sociedades às injustiças.

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